Boanerges Cezário*
Escrevi esse post em novembro de 2018, após a
vitória do candidato, que virou presidente.
E naquela data, assim eu falava...
Trabalhei junto ao cerimonial de uma instituição por
20 anos. Pouca gente percebe, mas há diversas ações de última hora para que o
evento se realize.
Comandos e falas são encaixados em seus devidos
lugares e de forma discreta para que tudo saia perfeito durante o cerimonial.
A todo minuto se confere a lista de presença,
alterações, novas inserções de pessoas a formarem a mesa, a lista de
convidados, o seleto rol de quem vai ficar na sala vip, dentre outras ações.
Na formação da mesa, há um item importante a se
observar: a ordem de onde
cada pessoa, de acordo com o seu grau de importância
no evento, deverá se posicionar, pois alguém mais importante irá ocupar a
cadeira central da mesa.
Ler, reler o script é fundamental para não se esquecer
nomes, não incluir quem não vai ser chamado, não trocar tratamento, enfim, uma
falha nesses momentos tensos que antecedem o evento pode ser fatal para o bom
resultado da cerimônia.
Mas há uma regra, que considero fundamental para que
cada evento saia dentro dos padrões. Chamo de regra raiz, que é “UM COMANDO,
UMA VOZ”.
Nada nem ninguém pode esquecer de observar tal regra,
pois é nela que está concentrado todo o equilíbrio das ações e atividades que
serão desencadeadas.
Assim, nem todo mundo pode ser convidado para
participar da mesa, ocupar poltronas. Nem todo mundo pode fazer discurso, fazer
apartes, falar de improviso etc
Essas experiências e memórias de cerimoniais que
participei fizeram me lembrar dos últimos momentos noticiados na mídia sobre a
fala do presidente eleito e dos seus prováveis ministros.
Como ele é Capitão do Exército, parece que o seu vice,
superior dele na vida da caserna, quer
falar sem a anuência do chefe, pois durante a campanha isso já tinha
acontecido.
Por sua vez, o provável Ministro da Fazenda também já
entrou em choque com a fala do presidente sobre diversos assuntos, dentre eles,
relações com a China e Previdência.
Os três tem opiniões fortes e aparentemente
divergentes, mas para que a cerimônia de governança dê certo, é preciso que conversem
antes nos bastidores para que só a fala do Presidente venha à tona, pois ele
afinal de contas é o chefe do governo é o “comandante do cerimonial.”
Um chefe de cerimônia ficaria louco se recebesse
ordens de várias pessoas para seguir num evento sem convergência no script.
Para preservar o emprego e o brilhantismo do evento, o
Mestre de Cerimônia deve seguir as orientações do Presidente do evento. Por
mais que os outros apareçam ou queiram aparecer, a regra “UM COMANDO, UMA
VOZ” é a mais sensata e correta.
A capilaridade excessiva nos eventos da vida deve ser
evitada para que o cerimonial não se transforme em “CASA DE MÃE JOANA”.
E assim, durante anos e anos como Mestre de Cerimônia,
aprendi que não se pode tirar o brilho do ente mais importante do evento. Quem não
quiser seguir a regra, que crie seu próprio evento e forme sua própria equipe.
Será que Mourão está em campanha para 2022, tão cedo? ou será apenas que ainda não caiu a ficha que seu inferior
hierárquico virou seu chefe? ou será apenas que só agora caiu a ficha que seu inferior hierárquico virou seu chefe?
Ou “será só imaginação” como
perguntava Renato Russo cantando “SERÁ?”
Agora, em plena crise do covid 19, o presidente
aparece com a frase “o presidente sou eu” e, ofuscado pelo brilho de Mandetta
na condução da pasta da saúde e irritado com o “silêncio” de Moro, continua com
o mesmo problema...
Dou-lhe uma
Dou-lhe duas...
Dou-lhe três...
vou ficar lembrando aqui de Leo Jaime cantando “oh, oh, nada mudou”...
Boanerges Cezário – blogger*
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