quinta-feira, 5 de novembro de 2015

MEMÓRIAS DE UM EX-SÍMIO

Aloísio Quantidade

"Fazia calor eu lembro, era fevereiro, sob o signo de aquário. Que delícia de placenta, saudades, desde então conto os dias para meu regresso. Cesariana é um pouco bruto, o ar-condicionado está forte, pra onde estão me levando ??? Faço barulhos, pessoas ao meu redor fazem também e parece dar no mesmo, mas escolhem melhor as roupas pros sentimentos e intenções, os meus estão pelados (como eu), e só faço chorar. Agora já posso falar, podendo falar parece que posso lembrar melhor, tenho 3 anos já, continua quente, nasci num rio de janeiro e agora estou num grande do norte, esse sabão parece gostoso, cheira bem, vou morder, AFF, arde pra caramba ! A melhor memória é a porrada não tem jeito. Tenho dois tutores, exímios em me limitar, sou um ex-símio que só faz imitar. Quero reeditar sensações boas e evitar as ruins, penso basicamente nisso, papai e mamãe não me entendem muito bem ou não querem (talvez nem devam), acho que vai ser assim a vida toda, mas vou deixar pra compreender isso mais tarde. Vejo corpos, aliás, ver é pouco, sinto corpos em geral, o calor deles hora rivaliza hora harmoniza com o meu, a influência é constante, gritante até - reativo a placenta - corro pra imaginação, me sinto protegido aqui embora não saiba do quê. Já fazem anos que estou aqui, até agora só tenho sentido, preciso começar a fazer sentido, voltemos a imitação.
Camaleão no bom sentido, essa mímica me dá poderes até, mais crítico menos cético; cefálico. Na dúvida continuo caminhando em direção ao útero. Sou um objeto vivo, ainda falta o objetivo. Lembro-me da morte, vivo(...)"



* Ex-Símio


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

ACERCA DO OLHAR

Francisco Fábio de Araujo Batista*
                                                 
                          Sem sombra de dúvida, sabemos que a maioria absoluta das informações que recebemos atualmente , vem através das imagens; o visual é a nova ordem, é a  "tônica " desse  século XXI. Os neuro fisiologistas já "mapearam " o trajeto luminoso da imagem através do nervo óptico até o nosso córtex cerebral, o olho nada mais é do que uma projeção do sistema nervoso central para fora da calota craniana e  em contato com o mundo. As antigas civilizações (greco-romana) já classificavam o olhar em receptivo e o olhar ativo, ou seja o ver por ver (quando recebemos sinais luminosos continuamente , involuntariamente) , Já quando tentamos  conhecer ou  reconhecer , medir , caracterizar, praticamos o olhar ativo. Portanto o ver no geral difere de ver após o olhar, mesmo que ambos usem as mesmas estruturas físicas :luz, olho,  e condutores de estímulos elétricos entre o cérebro e o meio exterior. O pensamento filosófico  há muito se preocupa com o fenômeno da visão .  Em Fédon, Sócrates já dizia que a cegueira é a perda do olho da mente. Que dizer do olhar os pintores e escritores?  Leonardo da Vinci fez da arte um elo entre o corpo e a alma. A tridimensionalidade das formas já era exercida por ele(Leonardo) , divinamente bem, ainda na  renascença (final da idade media). Esse mesmo olhar renascentista, foi também exercido pelo filosofo Descartes, por Galileu(fisico e astrônomo) e por Newton(cientista ). Acerca do olhar,  existem vários "tipos" de  olhar, temos o olhar comtemplativo; podemos ainda olhar com "religiosidade", que é aquele olhar  com consideração, maravilhado; poderemos  também olhar respeitosamente, tipo algo  " temeroso" ,conhecido Também como "olhar do novo". A fenomologia também cataloga o "olhar sob suspeita" que é aquele olhar que dispensamos a outrem quando vem ao nosso encontro, principalmente se "aquele proximo" é de uma classe social diferente, superior ou  inferior à nossa . Como omitir  desse texto, o  famoso "olhar 43", aquele olhar sensual, da paquera, (quem nunca ouviu: vire o seu olhar 43 pra lá, me mire mas, me erre). Enfim, apesar de  toda essa globalização e efervescência  deste século, creio que ainda não perdemos o "olhar com bons olhos"(de aceitação) que é aquele com que registramos a evolução da ciência rumo à cura de muitos doenças , e aos multiplos transplantes de órgãos  que tantas vidas ja prolongaram. Na seara do "besteirol", não poderíamos  esquecer de registrar : o olho de peixe morto, olho gordo(que traduz quase sempre inveja),  o olho  comprido(que passa voracidade) e o "olho bichento"( agouro  de enfermidade). Como não falar no olhar que os americanos chama"take care" , quando olhamos com zelo e cuidado, esse tipo de olhar, é aquele que mais  dispensamos as crianças  , aos  nossos filhos , ao nosso  trabalho, à  um projeto de vida, esse sim, seria o "olhar" que tanto queríamos que os nossos mandatários praticassem  em  relação à nós brasileiros.
À despeito do "olhar  expressivo" do descaso que nos fere tão profundamente aqui em nosso país, acreditamos que o olhar no geral,  condensa e projeta os movimentos, anseios e estados da alma!
 

*Médico, diretor do SINMED /RN

sexta-feira, 3 de julho de 2015

SUPERPOPULAÇÃO: PLANEJAMENTO E FALTA DE EDUCAÇÃO




 Boanerges Cezário*

Há uma atmosfera podemos dizer quase vulcânica em relação ao drama das populações que migram de seus lugares de origem procurando habitar outros espaços do planeta.
Por diversos motivos, encontramos palestinos, judeus, sírios, africanos, sulamericanos que estão a procura de melhores condições de vida, de trabalho...
O homem, ser muito engraçado, age como os espaços fossem reservados. Assim, os europeus hoje tratam como lixo os africanos que para ali vão por causa de perseguições políticas e por problemas étnicos internos nos países de onde vêm.
Não lembram, os europeus, que a instabilidade hoje por que passam as nações frágeis é em grande parte provocada pelo modo colonialista como foram tratados os países que originam grandes migrações.
Por outro lado, há um ilusório desejo do mundo todo de seguir padrões de consumo europeus e americanos, quando economicamente falando o nosso planeta não tem suporte para tanta avidez ao consumo.

(...)

segunda-feira, 9 de março de 2015

ACERCA DA SOLIDÃO

FRANCISCO FÁBIO DE ARAÚJO BATISTA *
 

  Quando li "Elogio à Loucura" um antigo clássico da literatura mundial que 
valoriza e defende de um modo bastante inteligente a senilidade ou  
"caduquice" do idoso , resolvi apesar de não ser um estudioso no 
assunto, mas usando minha pequena experiência de vida e a leitura de 
textos sobre o assunto,  tecer algumas considerações sobre outro ente 
bastante comum na sociedade moderna , a solidão. Como nos deparamos com 
ela no nosso dia a dia,  como é comum ouvirmos : continuo ou estou 
"alone" ou até mesmo vou viajar "alone"(modo bastante informal de se 
dizer: sozinho) Que dizer da solidão? Em sua maioria, a sua origem é por
  circunstâncias adversas ou impostas (doença, separação, encarceramento
 ) ou por escolha própria (pensadores,  religiosos em fase de retiro 
clausura, etc) . Estar sozinho pode ser algo positivo e prazeroso,  
desde que esteja sob o controle do indivíduo que fez essa opção. Já a 
solitude é " estar sozinho " sem companhia, e implica em sua grande 
maioria numa escolha consciente. Para você estar em estado de "solidão "
 não se faz necessário a ausência de companhia já que ela pode ser 
sentida mesmo em lugares densamente povoados. Ela também pode  ser 
descrita como uma falta de identificação, de compreensão do meio em que 
habitamos.  Em nossa evolução como indivíduo e ser pensante, esse 
processo de separação ou solidão começa ainda no nascimento, e isso vai 
nos contemplando com uma " crescente independência " até a fase adulta, 
De modo que o " sentir-se sozinho " pode ser uma emoção saudável e até 
prazerosa  apesar  de sempre ser uma "separação" de todos e de tudo, 
apesar de que nada relacionado com o forte sentimento de abandono ou 
inutilidade. Há também os estados doentios que cursam com depressão , 
ansiedade e rejeição. Já foi dito por vários pensadores que a "escolha "
 de ficar sozinho durante um período de solitude pode ser enriquecedora 
para o intelecto e para o espirito. Para sentir solidão, entretanto, o 
indivíduo passa por um estado de profunda separação ou afastamento, com 
riscos de se manifestar em negativos sentimentos de abandono, rejeição 
ou mesmo depressão e desesperança. Se tais sentimentos são prolongados 
eles podem se tornar debilitantes e bloquear a capacidade do indivíduo 
de ter um estilo de vida e relacionamentos saudáveis. O cantor Alceu 
Valença disse em uma de suas canções dos "anos 80"  : A solidão é fera a
 solidão devora, é amiga das horas ,  prima irmã do tempo. Por falar em 
tempo, creio que qualquer coisa que possa ser comparada ao tempo, merece
 respeito, já que o considero senhor de todas as situações e épocas , o 
único capaz de conseguir apagar uma dor, uma boa ou má lembrança.  Sem 
dúvidas, há varias maneiras ou "atalhos" pelos quais poderíamos  
analisar , gostar ou odiar a solidão . Em algumas pessoas, a solidão 
temporária ou prolongada pode até levar a notáveis expressões criativas,
 mas isto não implica dizer que a solidão desencadeia criatividade, ela 
simplesmente pode ou não influenciar positivamente se o indivíduo já for
 dotado. Talvez pelo fato de haver saído bastante cedo da casa paterna 
para ir estudar fora ou talvez pela minha já conhecida  timidez ou 
introspecção , curto a "minha solidão " numa boa, não tenho grandes 
problemas de convivência com esse mal do século XXI.


* Médico e Escritor

quarta-feira, 4 de março de 2015

O PETRÓLEO É NOSSO!




Boanerges Cezário*
Para qualquer estudante , a frase "O petróleo é nosso!" é  extremamente conhecida, que se tornou famosa  por ocasião da descoberta de reservas de petróleo no Estado da Bahia, nos idos anos 50, pelo então Presidente da República Getúlio Vargas.
A expressão virou lema da Campanha do Petróleo promovida por nacionalistas, que culminou na criação da empresa petrolífera nacional, a hoje combalida Petrobras.
Nos anos daquele governo, o Brasil assistiu à polêmica entre o escritor Monteiro Lobato e o governo Getúlio Vargas , que redundou em famosas Cartas , que foram enviadas ao  Presidente Getúlio.
Daí por diante, a luta social convenceu ao Presidente, que tinha visão de águia, a perseguir a busca pelo petróleo.
(...)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015



PLANEJAMENTO: O CAMINHO DA EFICIÊNCIA
por Boanerges Cezário*
O Governador Robinson assumiu a administração com boas intenções.
Muitas foram as promessas, afinal elas precisam existir, posto que  promessa vira realidade se a administração praticar o planejamento adequado de gestão da máquina.
Executar compromisso de campanha é desafiador.
As declarações dos candidatos, junto aos meios de comunicação, demonstravam sempre a busca constante pelo desenvolvimento, enfatizando educação, segurança e saúde.
As reformas e atualizações não farão sentido e não "pegarão" se o Estado continuar gerindo mal os recursos financeiros, destroçando seu aparato e faltando com a boa prestação de serviços públicos.
Há duas linhas de  discurso, proclamados por alguns, de que o tamanho do Estado deve diminuir. No outro, se advoga que o Estado deve ser mais presente.
Duas visões assim evidenciam uma miopia de alguns formadores de opinião e de suas equipes.
Não que tais discursos sejam fracos, é porque são eivados de pura paixão. Só isso.
O candidato vencedor, Robinson,  deverá se preocupar em dar mais eficiência aos Serviços Públicos, o que aliás é princípio constitucional e norteador de uma boa gestão pública.
Assim, não se trata de diminuir o tamanho do Estado, pois ele [o Estado] é omisso e vem deixando o cidadão ao deus-dará, abandonado nas UTIs, na fila da previdência, sem segurança, com a educação esquecida.
Encher os órgãos públicos de servidores através de concursos públicos também é outra falácia, porque são abandonados depois sem engajá-los num Planejamento Estratégico de Gestão de Pessoas.
O impacto da Tecnologia da informação ainda não foi muito bem gerenciado, pois ainda há no Estado uma ocupação de espaços físicos pelos prédios dos órgãos públicos.
Uma das principais alterações na “paisagem” pública, que entra no mundo virtual,  é exatamente a diminuição dos espaços físicos ocupados por seus órgãoes. Nosso Estado, apesar das interações com tecnologia ainda não apresentou efeitos reais e visuais nesse sentido.
 
Todo Gestor procura eficiência, mas se ele diminui uma máquina ineficiente, ela passará a ser mais ineficiente, exatamente por ser menor.
Apelando para a definição de critérios de planos de capacitação de pessoal, a máquina passará a ser mais eficiente e o processo de crescimento dela passará a ser menor e até poderá estancar.
Com o tempo, a eficiência entra em campo, sendo desnecessárias novas contratações, a não ser as estritamente necessárias, que em tese seriam as relativas a Educação e à Saúde.
Há repartições com excesso? Transfere-se o servidor para as que são carentes de pessoal.
Há excesso de papel na burocracia? Priorizam-se os processos eletrônicos.
Há funções que podem ser desempenhadas fora do local de trabalho sem ocupar espaço físico na repartição pública? Implanta-se o Home Office.
Esses três últimos questionamentos merecem outro artigo. Até a próxima.
---------------------------------------------* Estudante de Geografia-UFRN

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

SERVIDOR PÚBLICO: O BODE EXPIATÓRIO




*Boanerges Cezário
Dia desses, o Prefeito Carlos Eduardo apresentou uma pretensa reforma tributária junto à Câmara Municipal.
Assumiu a gestão após um desastre da administradora anterior, mas não pode mais fugir à necessidade de emprestar eficiência a máquina administrativa.

O Governador e o Presidente do Poder Judiciário estão na mesma linha de atitudes visando a moralização da máquina administrativa.
A princípio é de se perguntar por que só agora essas autoridades resolveram se tornar os heróis da limpeza enxugando a máquina pública?
Não precisa estar como Presidente ou Governador para defender medidas de ajustes rigorosas.
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