domingo, 16 de abril de 2017

SALIGIA




"O burro é quem merece uma medalha, 
o burro é quem trabalha, 
o burro é quem dá murro"
 Elino Julião


Todos nós já ouvimos pelo menos uma vez em algum lugar a expressão Sete Pecados Capitais.
Para quem não se lembra, apresento e relembro mais uma vez os distintos: Soberba, Avareza, Luxúria, Inveja, Gula, Ira e Preguiça.
A curiosidade,  por isso intitulei o texto de saligia, é que com as iniciais destas palavras em Latim formava-se o referido termo , que era utilizado em referência aos pecados capitais como um só.
Assim se escreviam em latim:
  1. Soberba, em latim superbia
  2. Avareza, em latim avaritia
  3. Luxúria, em latim luxuria
  4. Inveja, em latim invidia
  5. Gula, em latim gula
  6. Ira, em latim ira
  7. Preguiça, em latim acedia
(...)

O restante você vai ler nas ILAÇÕES DE UM APEDEUTA II

ONCOLOGIA DA CORRUPÇÃO



“Enquanto a elite, em algum lugar do topo do mundo, busca viagens a destinos imaginados, os pobres são apanhados numa espiral de crime e caos.”
         Luiz Felipe Pondé




“Folheando” a página do INCA – Insituto Nacional do Câncer - na internet, deparei-me com o seguinte conceito sobre câncer:
“Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.
Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.”  (http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322)
Como a internet faz a gente viajar, depois de um click, visitei a página do Hospital Einstein, que me remeteu ao conceito de Metástase:
“Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástases).







[U1] 

Metástase é basicamente a disseminação do câncer para outros órgãos – quando as células cancerígenas desprendem do tumor primário (não é uma regra) e entram na corrente sanguínea ou no sistema linfático”.
Ao ler tais conceitos, veio-me logo o pensamento na corrupção no Brasil. Fiz, então, uma analogia, pois para entender a situação do nosso país nesse momento, é preciso saber que esta se encontra em estado de metástase, uma vez que se ramificou em todas entranhas do poder central.
Com o aparecimento da lista de Janot lá atrás e agora com a delação de Cláudio Melo Filho (Odebrecht), conclui-se que a corrupção seria o câncer, e a lista do Procurador com a delação do executivo da empreiteira citada, a comprovação  da metástase .
Mas sabemos que, como tudo, o câncer tem origens; a corrupção também.
Para a origem do câncer, o site do INCA e do Einstein explicam muito bem. Quanto a metástase da corrupção, podemos citar algumas evidências que, imbricadas, ajudam a disseminar ainda mais o quadro da doença:
1.       Continuismo no poder;
2.      Voto em candidatos com ficha suja;
3.      Lei de Gerson na cultura do eleitor;
4.      Ofertar propina a servidor público;
5.      Vender o voto na eleição;
6.      Pedir emprego sem concurso público.
Penso que eleitor que vende o voto é para:
1 não ter acesso a rede pública de ensino
2 não poder assumir função ou cargo público
3 não ter acesso a imóvel financiado por banco público
4 pagar pelo atendimento no SUS
5 sofre restrição ao crédito pessoal
Eis aí, caros leitores, onde repousa, em parte, a origem do câncer na política brasileira, da corrupção em fase de metástase, que contribuem para o surgimento e a proliferação de tantas mazelas sociais, que já são de costume serem vistas pululando nas manchetes dos jornais impressos e virtuais.
O que vocês tem a ver com isso? Reflitam...



Obs: engraçado, escrevi esse texto para o livro ILAÇÕES DE UM APEDEUTA, ma não sabia que ia ser tão profético :-|

quinta-feira, 6 de abril de 2017

ALGUÉM GOSTA DE TRABALHAR SEM RECEBER SALÁRIO?

 Boanerges Cezário*


Às vezes penso em dizer para meus filhos, sobrinhos e amigos, estudantes de Direito, que não deveriam ler as decisões do Supremo Tribunal Federal.
 Entendo que a beleza de estudar Direito é folhear os livros de Introdução à Ciência do Direito, Filosofia do Direito e assistir as aulas dos Professores, que são entusiastas do Direito puro.
 Todo estudante de Direito é revolucionário, quer mudar o mundo, aliás coisa peculiar a juventude, que se não fosse assim o mundo seria mais entediante, pois os sonhos sempre deverão ser sonhados, mesmo que um dia quem sonhou os abandone em nome de algumas coisas e causas, que não são bem explicadas ou explicáveis...
 Por que tou falando isso? Ah!, lembrei!
Acabei de ler a decisão do STF que sinaliza em proibir greve de policiais.
 Tive um Professor chamado Paulo Lopo Saraiva, que nos ensinava muito na Faculdade esse lado crítico do Direito, ele até chegava a "rasgar" simbolicamente a Constituição Federal quando comentava algumas decisões emanadas em Brasília pelo Supremo.
 Bom, mas para não fugir do foco assuntado aqui, li com profunda tristeza o voto do Ministro Alexandre de Moraes, que fez uma exposição cheia de citações de artigos, cheia de elogios até à carreira dos policiais, mas arrematou dizendo que
“ (...existem dispositivos constitucionais que vedam a possiblidade do exercício do direito de greve por parte de todas as carreiras policiais, mesmo sem usar a alegada analogia com a Polícia Militar. Segundo o ministro, a interpretação conjunta dos artigos 9º (parágrafo 1º), 37 (inciso VII) e 144 da Constituição Federal possibilita por si só a vedação absoluta ao direito de greve pelas carreiras policiais, tidas como carreiras diferenciadas no entendimento do ministro.(...)”  http://stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=340096&caixaBusca=N
Ele diz mais:

“ No confronto entre o direito de greve e o direito da sociedade à ordem pública e da paz social, no entender do ministro, deve prevalecer o interesse público e social em relação ao interesse individual de determinada categoria. E essa prevalência do interesse público e social sobre o direito individual de uma categoria de servidores públicos exclui a possibilidade do exercício do direito de greve, que é plenamente incompatível com a interpretação do texto constitucional.”



Essa posição, que não é nem pra inglês ver, seria interessante para demonstrar a importância da atividade policial, mas o Ministro Alexandre e os outros que o acompanharam no voto esqueceram de um detalhe...
A greve dos policiais do Rio e de Goiás, por exemplo, é greve para receber salário, que já é um absurdo, pois se não se recebe salário, nem trabalhar o servidor ou empregado estaria obrigado.
Se o assessor que fez a minuta do voto tivesse lembrado ao Ministro esse detalhe, talvez até o voto tivesse disso diferente.
Ah! Mas o salário do assessor e do Ministro pousa na conta deles todo santo mês, mas os outros, “os outros são os outros” como diria Paula Toller, na música,  e só ...
Blogueiro e Escritor*