terça-feira, 23 de junho de 2020

A MAQUIAGEM DA MENTIRA (OU O QUE VOCÊ QUER VER!?)







Boanerges Cezário*


O mundo se debruça em diversos dilemas minuto a minuto.
Verdades que parecem mentiras, que parecem verdades. Mentiras que parecem verdades, que parecem mentiras.
Por que escrevo isso? Se leu até aqui, continue. Se não continuar a leitura, problema seu, mas veja o que quero prosear.
Em média, três vezes por semana, levanto às 5h da manhã para correr.
O aplicativo que uso para medir pace, tempo e outras conquistas tem a opção na configuração para otimizar o uso da bateria, economizando energia.
Sem querer, mexi na referida configuração e devo ter esquecido de salvar o que era para estar salvo  e a consequência foi desastrosa.
Em pouco tempo me transformei  em Usain Bolt.
Alguns momentos de fama no grupo de corrida, que participo, fizeram eu estranhar a coisa.
Qual não foi a surpresa, ao atualizar e sincronizar as atividades, vi que a minha performance estava acima da média de corredores de renome mundial.
IIustre leitor(a), se chegou até aqui na leitura é porque gosta de mim ou me acha mais um idiota na rede que quer publicar asneiras, e como  você pode gostar de apreciar textos bizarros vai encarar até o ponto final, eu sei.
Como falei, urdi a ideia a partir de uma falha no aplicativo de corrida que uso.
Meu pace baixou de 7,2 min/Km para 2,8 min/Km
A mentira, nesse caso, foi do aplicativo, mas como é inteligência artificial,  só diz a verdade.
Essa verdade ninguém questionou, pelo contrário, até fui elogiado por muitos.
A verdade, assim, era que o aplicativo mentiu, e feio. Mesmo assim, essa mentira parecida com verdade, ficou, talvez, sendo a verdade para quem tem pressa de curtir e não imaginar quem é o corredor na verdade.
Fico imaginando, se alguém curtiu sabendo que é mentira , como também imagino alguém curtiu achando que é verdade.
De qualquer maneira, o mais interessante seria pensar se é racional curtir o devaneio atlético , pois naquela sincronia, sem sinfonia,  não dá pra saber, sem perguntar, se a verdade é uma verdade que parece mentira ou se a mentira parece mentira, mesmo sendo verdade, a mentira...

Assim, quando publicamos nossas "imagens" nas redes e o Big data minera os dados, estamos diante de uma maquiagem...
Se publico mentiras, a mineração de dados não descobre se são falsas, pelo contrário, nos meus perfis elas passarão por verdadeiras. Mesma coisa se publico verdades
De qualquer maneira, as ferramentas do big data só acharão "verdades", sejam elas verdades que são, na verdade, falsas e verdades que são, na verdade, verdade...ou não!?
Enfim, Descartes criou certa vez um demônio maligno, que tinha o poder de iludi-lo, mesmo que não fosse verdade.
Criei o meu também. Chama-se strava com o apoio das redes sociais...
Seriam, então, as redes sociais em conjunto com o big data os novos salões de beleza?


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