sábado, 10 de junho de 2023

O MAIOR SÃO JOÃO DO MUNDO?

 


 Boanerges Cezário*

 

As redes sociais e a mídia em geral bombaram nos últimos dias com a reclamação do forrozeiro de primeira grandeza Flávio José por ter seu tempo de apresentação diminuido, em face da produção do show em Campina Grande ter-lhe avisado da referida diminuição em cima da hora.

O que pode  está acontecendo é um fenômeno do tempo., ou seja, o público forrozeiro não vem comparecendo aos shows o que leva a diminuir o tempo dos forrozeiros em shows diversos.

O mercado da música é como todo mercado, vive da compra e venda.

Pode ser que o público que está indo aos shows é  o de Gustavo Lima.

Como tudo que envolve negócio, seja ele cultural ou não, não se pode "vender" o que estão deixando de "comprar".

A pisada na bola foi do prefeito, que incluindo Gustavo Lima na programação, desconfigurou o espírito da coisa, que é São João com forró. Agora ele não pode ostentar o titulo de maior são joao do mundo para a cidade de Campina Grande.

Gustavo e Flávio tem que cumprir ordens do contratante.

 

Agora, os prefeitos de Caruaru, Mossoró, dentre outras cidades podem disputar o título de maior são joao do mundo, pois Campina Grande se desnaturou e se assim continuar vai metamorfosear para outro tipo de evento, mas não São João...

Eu, como forrozeiro, não vou  a show de  Gustavo nem de graça,  nada contra, mas não faz meu estilo, já de Flávio José vou aonde for e pago...só não estou indo no momento porque o joelho está em tratamento, certamente por falta de forró...

Talvez esteja aí a origem da falta de público para o forró, quem gosta de forró tá distante  ou porque não vai ou porque o esqueleto não deixa, no momento, meu caso.

Valeu o protesto de Flávio pra chamar atenção. Agora o são joão de Caruaru passou à frente sendo 100% forró, aliás qualquer outra cidade que mantiver acesa a chama do São João com forró pode pegar o título que Campina Grande decidiu perder...

Fica a dúvida se só tivesse forró a festa teria  público do tamanho que já é conhecido?

O tempo muda, os gostos mudam e a plateia muda também...

Enfim, lembro que nos anos 80 os sambistas fizeram um protesto assim, alertando para o excesso de músicas estrangeiras e pouca execução de sambas e shows afins.

Naquele momento, se reuniram na casa de João Nogueira e gritaram pelo espaço do samba.  De lá pra cá o samba revigorou.

A cultura forrozeira parece sofrer um problema parecido, fica o desafio:  quem vai puxar o bonde do forró e botar a boca no trombone?


Blogueiro e Forrozeiro*