Boanerges Cezário*
O Grande filósofo empirista, o escocês David Hume, declarou
certa vez que "O costume é, pois, o grande guia da vida humana. É o único
princípio que torna útil nossa experiência e nos faz esperar, no futuro, uma
série de eventos semelhantes aqueles que apareceram no passado" (COTRIM,
Eduardo. Fundamentos da Filosofia, 2006, p. 153, editora saraiva)
Então, vejo diariamente que o tema vem sendo explorado na imprensa e redes
sociais, pois na net é assim, tudo é rápido e hiperboliza em horas ou dias.
Hoje em dia, há uma verdadeira explosão de dados trafegando na rede mundial,
que engloba uma gama variada de assuntos. Coisas aparentemente inúteis a
assuntos ligados a segurança mundial.
O BIG DATA é o que define esse conjunto de dados e informações que produzimos e
inserimos no mundo digital.
Por incrível que pareça, não estamos falando em dados com certezas de
planejamento, mas do caos, os chamados "dados não estruturados".
A visão do momento é que a não estruturação, ou o que pensamos que seja, é
valiosa, pois com as necessárias associações algorítmicas o que é ou foi
considerado lixo pode ser útil e explicar, por exemplo, um perfil de um cliente
que "vai às compras" na net, mas não as finaliza. Incrível, não?
Dados trafegando na internet, reunindo um conjunto de variados, alimentados por
um usuário, que procure coisas aparentemente inúteis a assuntos pessoais, o Big
Data realizaria suas conexões para delinear um aparente perfil daquele
indivíduo.
Não quero adentrar na Metodologia da Ciência contemporânea ou mesmo partir para
a discussão sobre o anarquismo epistemológico como queria Feyerabend.
Quero não ir muito longe, pois inoportuno no momento analisar a metafísica
desde seus princípios em face da pequena extensão desse texto.
Queria sim provocar, e já estou provocando, uma leitura proposital sobre
algumas conclusões efetivadas por David Hume, como se vivo estivesse, diante de
uma análise sobre o fenômeno BIG DATA.
Marilena Chauí fala que o escocês empirisita e cético, Hume, analisando
apontamentos de sua teoria do conhecimento, mostrou "...que o sujeito
do conhecimento opera associando sensações, percepções e impressões recebidas
pelos órgãos dos sentidos e retidas na memória. As ideias nada mais são do que
hábitos mentais de associação de impressões semelhantes ou de impressões
sucessivas.”. (CHAUÍ, Marilena. Iniciação à Filosofia, 2010, , p. 204,
editora ática)
Faço as seguintes perguntas:
01) o BIG DATA seria um modelo antevisto por Hume, pois naquele momento em que
ele tecia suas considerações filosóficas não havia computador, Big Data e
demais anexos tecnológicos?
02) Na linha da Filósofa acima citada, a retenção na memória BIG DATA seria
"...o mero hábito que nossa mente adquire de estabelecer relações de
causa e efeito entre percepções e impressões sucessivas, chamando as anteriores
de causas e as posteriores de efeitos? " (CHAUÍ, Marilena. Iniciação à
Filosofia, 2010, , p. 204, editora ática)
É por isso, que diante de tantos algoritmos e enormes
cabedais de recursos informativos sobre os usuários/indivíduos, indago ainda o
seguinte:
a) Até que ponto a informação colhida sobre um usuário é fiel a ele mesmo?
b) Que "algoritmia" será desenhada para construir um perfil sem
manipulação de desejos, marcas, gostos?
c) Se a cada instante, estamos em constante mutação, como saber se a
"algoritmia" foi mutante e atualizante no desconhecido universo
caótico da net?
Enfim, já imaginou o porquê de todo mundo, e talvez você,
esteja fissurando e comendo ALGO que é RITMO do momento, o tal MORANGO DO AMOR?
Esses são, a meu ver, alguns pontos a considerar sobre o fenômeno BIG DATA sob
uma visão Humeana.
Escritor*
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